terça-feira, julho 27, 2010

Pelagem


Hoje me defrontei com um assunto que muitas pessoas tem dúvida, a pelagem do cavalo. Existem varias, gateado, zaino, lubuno, mouro entre tantos outros. Há discução principalmente sobre a pelagem pangaré. No meu caso tenho um gatiado,ele tem uma ótima genética, é um puro crioulo com resenha confirmada pela ABCCC e normalmente o chamam de pangaré.

Os antigos dizem que o pangaré é aquele cavalo que tem a virilha, axilas e fucinho bem mais claros que o resto da pelagem. Entretanto atualmente é utilizado como significado de cavalo sem raça definida. Já a ABCCC me informou que esse termo não é utilizado por eles, pois denigre a imagem do cavalo crioulo. E concordo com a Associação, pois a palavra "pangaré" esta sendo usada pejorativamente, assim rebaixando nosso amigo de todas as horas.

Vou colocar abaixo uma listagem de pelagens mais comuns com suas caracteristicas.
  • BAIO: cor de café com leite fraco.
  • BAIO CABOSNEGROS: com pernas, crina e cola pretas.
  • BAIO CEBRUNO: café com leite forte e argolas pretas nas quatro patas.
  • BAIO RUANO: café com leite bem desmaiado e crina e cola brancas.
  • BRANCO: totalmente branco
  • BRAGADO: alguma mancha branca na parte da barriga (ventral)
  • COLORADO: vermelho.
  • COLORADO PINHÃO: vermelho carregado, quase encarnado.
  • DOURADILHO: vermelho bem claro, que brilha quando exposto ao sol
  • GATEADO: café com leite forte ou marrom fraco.
  • GATEADO ROSILHO: com pintinhas brancas.
  • LUBUNO: cinza
  • MOURO: pequenas pintas brancas sobre o fundo preto.
  • OVEIRO: manchas grandes, brancas, vermelhas ou pretas, arredondadas.
  • PAMPA: o cavalo que tiver toda a cabeça branca.
  • PICAÇO: todo preto com qualquer mancha branca e em qualquer lugar.
  • PRETO: totalmente preto.
  • ROSILHO: pintas brancas sobre o fundo vermelho.
  • ROSILHO PRATEADO: rozilho, com a anca quase branca.
  • ROSADO: é como na Serra denominam o Bragado.
  • RUANO: vermelho claro e crinas e cola brancas.
  • TOBIANO: faixas largas e bem definidas, brancas e vermelhas ou brancas e pretas, em geral dispostas verticalmente.
  • TOBIANO ROZILHO: quando as faixas forem rozilhas.
  • TOBIANO MOURO: quando as faixas forem do pêlo mouro.
  • TORDILHO: fundo branco com pintas levemente mais escuras de um branco sujo.
  • TORDILHO NEGRO: fundo branco com pintas de um preto desmaiado.
  • TORDILHO VINAGRE: fundo branco sob pintas marrons.
  • TOSTADO: cor de castanha madura.
  • TOSTADO RUANO: A cor de castanha madura e crinas e cola brancas.
  • ZAINO: marrom escuro
  • ZAINO CRUZADO: marrom escuro e duas patas brancas desencontradas.
  • ZAINO NEGRO: quase preto.
  • ZAINO PINHÃO: puxado à cor de pinhão maduro.
  • ZAINO TAPADO: o que não tem qualquer pinta branca.
Fonte: Cyro Dutra Ferreira, Campeirismo Gaúcho – Orientações Práticas.

Bem, espero ter ajudado.
Abraços Gaudérios

quarta-feira, julho 21, 2010

Uma história e tanto!!!

O texto abaixo foi retirado da ABCCC para explainar sobre a origem deste incrivel animal que é o Cavalo Crioulo.


"O cavalo crioulo tem sua origem na população eqüina da península ibérica, mais precisamente nos territórios de Portugal e Espanha do século XV. Naquela época, várias raças eram criadas na região, porém, acredita-se que o cavalo crioulo é originário de duas, sendo elas:
Andaluz: Tem pelo menos quatro mil anos de história e é conhecida como uma raça guerreira. Sofreu grande influência dos cavalos trazidos do norte da África pelos mouros que estiveram presentes, na península ibérica, por oito séculos.
Jacas: Também conhecida por Rocines. Antiga raça de cavalos nativos espanhóis das regiões da Galícia, Navarras e Andaluzia. Eram conhecidos pela valentia e resistência.
A partir da chegada de Colombo na América, em 1492, várias foram as expedições espanholas que trouxeram estes cavalos para o novo continente. Os Andaluzes e os Jacas teriam sido escolhidos para cruzar o oceano por serem os mais resistentes e aptos para afrontar as dificuldades no novo continente; e pelo fato dos portos de embarque das expedições estarem localizados nas regiões onde estes cavalos eram criados.
Introdução na América

A primeira vez que os cavalos descendentes dos Crioulos tocaram o solo americano foi em 1493, quando Cristovão Colombo desembarcou na Ilha de São Domingos na sua segunda expedição ao novo continente. A partir de então, estes cavalos espalharam-se pela América, durante todo a século XVI, a partir de três pontos de entrada, sendo eles:
Ilha de Santo Domingo: Foi o primeiro local de chegada. Em seguida passaram para o continente, entrando pela Panamá e Colômbia. Pizarro os introduziu no Peru, tornando-se, a região de Charcas, um grande centro de criação de equinos. Daí o cavalo foi levado ao Chile, por Valdívia, e, em 1548 entrou em território argentino, na região de Tucuman. Em 1573 chegou nas províncias argentinas de Córdoba e Santa Fé e, finalmente, em Buenos Aires e ao pampa;
Rio da Prata: Pedro de Mendonza desembarcou no Rio da Prata, em 1535, para fundar Buenos Aires. Em sua expedição havia 72 eqüinos que viriam a ser considerados de extrema importância para a formação do cavalo crioulo argentino.
Costa Brasileira: O desbravador Cabeza de Vaca chegou a Santa Catarina, em 1541, com 46 dos 50 cavalos que partiram da Espanha. Com eles, atravessou o território brasileiro até a cidade de Assunção, no Paraguai. Em seguida, foram introduzidos no chaco argentino para depois atingirem o Rio da Prata.
O século XVI foi marcado pelo desbravamento e assentamento no novo território. Estes cavalos, disseminados ao longo deste século na América, foram de fundamental importância para o sucesso destas empreitadas.
Nasce a Raça Crioula

A partir do século XVII, muitos cavalos foram perdidos ou abandonados ao acaso. Passaram a ser criados livres, formando inúmeras cavalhadas selagens distribuídas pela imensidão da América, com suas cordilheiras e pampas.
Durante o período de formação da raça, as inúmeras manadas, espalhadas pelo novo continente, tiveram diferentes destinos. Nos Estados Unidos e México, as prolongadas guerras e o cruzamento com outras raças fizeram desaparecer os cavalos descendentes dos crioulos. Na Colômbia e Venezuela, as altas temperaturas, a alimentação e a geografia local alteraram em muito a aparência e a estatura dos cavalos.
Os crioulos, da forma como hoje são conhecidos, ficaram concentrados, principalmente, no sul da América, onde hoje está a Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e o sul do Brasil. Durante cerca de quatro séculos, a raça crioula foi forjada através da seleção natural. Os cavalos foram perseguidos por homens e predadores, passaram sede, fome e precisaram agüentar temperaturas extremas, desde as fortes geadas do inverno até o rigoroso sol do verão. A raça crioula foi moldada desta forma, em um ambiente hostil onde somente os mais fortes sobreviviam e conseguiam passar para gerações futuras seus genes.
Em meados do século XIX, após este período evolutivo, os fazendeiros do sul da América começaram a tomar consciência da importância e da qualidade dos cavalos crioulos que vagavam por suas terras. Esta nova raça, bem definida e com características próprias, passou a ser preservada desde então, vindo a ganhar notoriedade mundial a partir do século XX, quando várias associações foram criadas e, através delas, o valor do cavalo crioulo foi exaltado e comprovado."

Diogo Osorio Coelho
Retirado do site da ABCCC
http://abccc.racacrioula.com.br/pages/historia_do_cavalo_crioulo/

E para vocês que não são Gaúchos, pesso que leiam atentamente este poema abaixo que, em minha opinião, é um que melhor expressa a beleza do cavalo crioulo e o amor dos Gaúchos por ele.

O Meu Cavalo Crioulo
Dirceu Pires Terres

Pseud.: Guasca Velho


Gaúcho velho largado
pede aqui um intervalo
para decantar seu cavalo,
seu pingaço de renome,
que não teme lobisome,
nem de cucharra pealo.

Agora vou decantá-lo:
passo a faca no rebolo,
manuseio o fumo em rolo,
vou soltando a versalhada
inda que meio estropiada
pra elogiar o Crioulo.

É cavalo pra peão,
de resistência e alento,
mui barato o seu sustento,
servindo para soldado,
sabe dormir no molhado,
agüenta firme o relento.

É de pêlo bem variado:
gateado, baio, lobuno,
zaino, rosilho, cebruno,
mouro, chita, também é,
e às vezes sai pangaré,
buenaço mesmo reiúno.

Tordilho salino é Crioulo
de muita lei pra nadar,
bicho bueno pra apartar...
não quero pêlo tostado
nem tordilho apatacado...
Tobiano só pra olhar...

Um e quarenta de alçada
é o tamanho especial,
com mais de cinco é o ideal.
Um e cincoenta é grandão,
dando um tipo almanjarrão
só pra cruzar banhadal.

Gosto de "Peito de pomba"
com costela bem arqueada:
agüenta bem na tropeada,
porque tem pulmão de ferro.
Se o guasca le dá o "berro",
tem o "folgo" pra arrancada.

Cavalo de muita "massa"
com muito pêlo na pata,
pisando em cima ns mata:
não agüenta o dia inteiro
só serve para pipeiro
e ao guasca sempre maltrata.

Esse nunca foi Crioulo...
Na certa que é de tração,
não vale mais que um tostão:
é matungo bem sotreta,
não se mete de paleta,
chora pra ser dormilão.

Crioulo com muito "osso"
não pode pular em valo
precisa muito esporeá-lo
para isso poder fazer
e o mango firme meter,
para conseguir passá-lo.

Para que serve o güesudo?
Mesmo assim ao batizá-lo,
cabe sempre rechaçá-lo,
padrillo não deve ser -
e ninguém irá comer
um caracu de cavalo!

Para escolher o bom pingo
aqui les dou instrução:
olhe bem o seu garrão,
busque a corda destacada,
que a pata seja aprumada,
e bem à mostra o tendão.

"Cáalo" de bom movimento
olho vivo se requer,
boa anca se faz mister.
O gaúcho e tarimbeiro,
que se sai sempre folheiro
pra escolher pingo e mulher!

Não serve a canela fina,
com muito pouco tendão:
falta força no garrão,
quase sempre anda caindo,
pior que vaca parindo
por cima de qualquer chão.

Prefere o "casco de copo",
nunca o casco de panela:
falta força na canela,
é um chaira pra tropeçar,
se não sabe sair dela.

A cabeça do Crioulo
deve ser piramidal,
se ajusta bem ao boçal,
é mui linda de se ver
e sempre de requerer
num cavalo especial.

Orelha de burro - não!
"Cabano" de desprezar:
abana, mesmo ao trotear...
Prefiro orelha em tesoura
cavalo que não desdoura
e sabe se destacar.

A crina deve ser larga...
Cola fina: suspeitar!
Somente buena pra atar,
para "iludir o freguês",
que é do Árabe ou Inglês
que pode se originar.

Foi esse cavalo bueno,
trazido por espanhóis
e, depois de muitos sóis,
por aqui se reproduziu
e o continente invadiu
qual praga de caracóis.

E a pastar sempre ao léu,
caçado pela indiada,
para servir de montada,
por vezes carne les deu,
pois o índio é mui "judeu"
e aos outros nem deixa nada!

Tendo o número aumentado,
foi virando chimarrão...
Cola arrastando no chão,
procriou ao "Deus dará",
junto à onça e ao guará,
a correr pelo rincão...

Agüentando as intempéries,
muita chuva, muito frio,
minuano, sede no estio,
foi formando o seu valor:
pra domar "dava calor"
e afrouxar nunca se viu!

Foi assim que ele venceu
as forças da Natureza,
pela sua fortaleza
pra dar vida ao Continente,
que tudo deve ao valente,
que é ardor, força e beleza!

A liberdade que tenho
- eu e todo o bom gaúcho -
despidos de qualquer luxo,
devemos toda ao Crioulo,
que foi o nosso consolo,
para "ag%uentá o repuxo"!

Nas cruas guerras passadas,
tão bela parte tomou
que o guasca as glórias ligou
ao valor dessa montada,
pois até de madrugada
o pingo, firme, agüentou.

Foi assim em "Trinta e Cinco",
na campanha Farroupilha:
o Crioulo na coxilha,
só tendo capim no bucho.
Foi comparsa do gaúcho
da argola até a presilha.

O mesmo em "Noventa e Três"
ou em "Trinta" ou noutra data.
O gaúcho não maltrata
mas, se querem maltratá-lo,
se tentarem "esporeá-lo",
ele logo se "desata"!

Em "Vinte e Três" também foi
um companheiro ideal.
Na serra, no pajonal,
ele só se agüentou:
muito mestiço afrouxou,
por não ter valor igual!

Poderia ir muito longe,
descrevendo o meu cavalo...
Mas deixo aqui de exaltá-lo,
como pingo do gaúcho,
que sabe "aguëntá repuxo",
de coração adorá-lo.

Por isso remato a "trança",
antes que saia algum "bolo",
embora fique o consolo
de tê-lo cantado assim:
um pingo que não tem fim
- O meu cavalo Crioulo!

Espero realmente que tenham gostado da primeira postagem de nosso blog.
Abraços Gaudérios